Propaganda muda o tom no YouTube
Vídeos empresariais, dos comerciais aos institucionais, têm propagação facilitada com expansão das redes sociais
REPRODUÇÃO
Exclusivo para a web, o vídeo “O dia em que um sorriso parou São Paulo” conquistou 1,5 mi views
Se o comercial não for daqueles de prender a atenção, não espere por popularidade no YouTube. O internauta só dedica tempo a um vídeo na internet se for surpreendente. Por isso, cada vez mais as marcas se fazem presentes nos canais de vídeos, porém com produções que fogem do padrão das propagandas convencionais.
E a maioria faz sucesso, às vezes, pelo simples fato de passar uma mensagem inspiradora. São os chamados vídeos “motivacionais”, que não estampam marca, produtos ou serviços. A intenção é promover a reflexão.
E a maioria faz sucesso, às vezes, pelo simples fato de passar uma mensagem inspiradora. São os chamados vídeos “motivacionais”, que não estampam marca, produtos ou serviços. A intenção é promover a reflexão.
“O dia em que um sorriso parou São Paulo” é um exemplo dessa nova safra de vídeos. O comercial mostra uma manhã qualquer na maior cidade da América Latina. Onze rádios, sincronizadas, convidam os motoristas a sorrir para quem está ao lado e avisa: “Se ele estiver ouvindo esse anúncio, vai sorrir também.”
Com 1min46, a produção exclusiva para o YouTube faturou 1,5 milhão de acessos em sete dias. A mensagem também instiga o internauta a se perguntar a que se refere. No último segundo, a explicação: “Inspiração muda tudo, e a vida fica assim... uma ‘Brastemp’”.
De acordo com Cláudia Sender, diretora de Marketing da Whirpool, detentora da marca Brastemp, há dois anos a equipe discute a diferença entre audiência e atenção. O debate visa focar ações nos canais adequados.
“Audiência é o que impacta o consumidor no meio da programação da tevê, mas, às vezes o aparelho está ligado e o consumidor não. Atenção ocorre quando o público procura a mensagem para ver, que foi o que aconteceu no YouTube”, teoriza.
Como em time que está ganhando não se mexe, depois da bem sucedida experiência, a Brastemp pretende continuar abastecendo o YouTube com vídeos que promovam mais ideias do que produtos.
O portais de vídeos na internet também estão se tornando canais preferidos para a divulgação dos vídeos instrutivos, cujas funções variam desde destacar as utilidades de um produto recém-comprado até orientações de uso e conservação.
Legalmente, esses vídeos não podem substituir os manuais impressos mas, a verdade é que têm atraído mais aos consumidores porque são mais agradáveis e fáceis de entender.
A fabricante de tubos e conexões Tigre estreou a estratégia com 18 vídeo-aulas, em alta definição, sobre instalação de seus produtos, execução de juntas e dicas de manutenção.
Essas produções foram focadas nas linhas prediais – água, esgoto, drenagem e elétrica – da marca. As visualizações já passam de 150 mil.
Para o gerente de Marketing Corporativo da Tigre, Guilhermo Bressane, além de oferecer uma plataforma interativa que complementa site e manuais técnicos, os vídeos instrucionais “aproximam os clientes da marca”.
No mesmo canal que criou no YouTube, a Tigre lançou os comerciais da série “Danças”, produzidos para a televisão.
Todos devem entrar
Antes do surgimento dos canais de compartilhamento – na mesma categoria das redes sociais –, toda empresa tinha que ter um website, mesmo que não passasse de um banner estático, caso contrário perdiam competitividade. O problema é que, criar uma home page não era fácil, nem barato. Hoje, só fica de fora da web quem quer.
Com criatividade e dedicação, até micro empresas podem interagir melhor com seus clientes por meio das redes sociais. “Devem criar perfis em todas, Twitter, Facebook, Youtube e outras”, orienta a gerente de Inteligência e Marketing da MITI, Elisângela Grigoletti.
E os vídeos sutis, que não ostentam a marca, segundo Elisângela, podem ser mais eficazes do que a propaganda explícita. “O público torna-se simpático à marca, acredita e reconhece a preocupação da empresa com o bem estar da sociedade ou com seu consumidor, se opta por vídeo instrucional”, explica.
Contudo, se é para marcar presença no YouTube ou outro canal similar, tem que apostar no inusitado, que depende mais de criatividade do que o requinte da produção. O consumidor tem que ser surpreendido de tal forma que tenha vontade de assistir ao vídeo mais de uma vez, além de ajudar a propagar o link. Esta é uma das facetas do marketing viral.
Elisângela Grigoletti recomenda também que a empresas que decidirem marcar presença nos canais de vídeo procurem tornar a página o mais parecida possível com sua missão e valores.
Vídeo altera tela
Mesmo quando o vídeo tem como objetivo divulgar um produto, o elemento surpresa não pode faltar. Isso quer dizer que não dará muito resultado a mera reprodução na internet do comercial feito para a tevê. A Sony Brasil lançou na rede, no final do ano passado, um vídeo que dificilmente teria na tevê o mesmo efeito conseguido no YouTube. Para isso, até criou um canal específico nowww.youtube.com/mundosony3dbr.
O filme “Incrível perseguição 3D”, com apenas 40 segundos, simula uma perseguição de dois helicópteros sobre um cânion. Em ritmo frenético, as aeronaves batem e quebram a tradicional tela do YouTube na qual são exibidos todos os vídeos. Durante as manobras, as máquinas invadem a área do portal de vídeos destruindo o que está pela frente, inclusive desordenando a barra lateral direita na qual são listados outros vídeos similares.
Um pouco de atenção e o consumidor compreenderá que, na verdade, o vídeo é exibido full screen (na tela inteira) imitando o ambiente do YouTube, porém está sobreposto a ele.
A técnica não é complicada, mas contratos diferenciados assim com o portal custam sempre mais caros. De qualquer forma, a empresa conseguiu simular a experiência que o consumidor terá diante de um aparelho da sua marca.
Além disso, YouTube e Sony são parceiros em várias ações. “Quanto mais câmeras vendermos, mais pessoas produzem vídeos e os publicam na rede. Isso aumenta a base do portal”, explica o gerente de Comunicação e Propaganda da Sony Brasil, Lúcio Pereira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário